Sempre pensamos que ao nos tornarmos adultos muitos dos problemas que vivemos na infância passarão. Mas estatisticamente comum pode-se termos encanações, uma vez que cada um de nós pode ?encanar? com um tema diferente em momentos diferentes ao longo da vida adulta, que vão durar dezenas de anos.
A questão é como um indivíduo faz isso.
Uma primeira forma é ter assumido uma explicação a partir do mundo externo, do mundo social, que produza conflitos ou emoções negativas. Um exemplo para muitos ainda adolescentes é a capacidade de ter filhos, uma vez que aprendemos que iríamos crescer e formar família, ter filhos. Por conseguinte, a capacidade de ter filhos precisa ser testada, será necessário termos a realidade demonstrando esta capacidade. Porém, não sabemos quantas vezes será necessário fazer sexo para isso acontecer, nem somos informados de que maneira o sexo deve ser feito, ou se estamos fazendo da maneira correta... Assim chegamos à vida adulta, após alguns anos adolescentes, e se não tivemos uma gravidez fruto das relações sexuais já temos um ponto com o qual nos encanar: será que somos capazes?
A partir daí cada qual usa os mecanismos que já desenvolveu para atuar nestas situações. Alguns ainda usarão outros métodos de encanação: ?eu não estou fazendo sexo corretamente!?, ou ?não sou fértil? e daí para outras autoexplicações, das quais a maioria são falácias que inventamos para tentar explicar algo que pressupomos deveria ser como compreendemos.
Um fator importante é o de não atentarmos para as possíveis fontes de informação e conhecimento ao nosso redor: professores, aulas de biologia (no caso), livros da biblioteca? Devido a nossos mecanismos já desenvolvidos, tenderemos a não buscar fontes que nos contestariam, afinal, achamos que já sabemos e se alguém disser o contrário será alguém errado... Continuo em sofrimento, calado.
Então o que aponto com o exemplo acima, é que cada um de nós desenvolve nas duas primeiras décadas de vida mecanismos de entrosamento com o mundo que permite conhecer a si mesmo, aos outros e ao mundo, como maneira de prevermos como devemos agir. Mas dificilmente percebemos os mecanismos errados que desenvolvemos, e ainda vamos crer que os errados são os outros.
Então podemos receber informações erradas e regras erradas a partir dos outros, de nossos pais, conhecidos, amigos, mas o nosso problema é que não verificamos a veracidade destas informações devido a nossos mecanismos distorcidos de observar a realidade.
Um exemplo pode ser uma ideia que é comum perguntarmos a nós mesmos:
Pode transar no primeiro encontro? Mas precisamos ponderar?
A vida sexual pertence à esfera privativa das pessoas, mas as regras que recebemos sobre o sexo desde que nascemos são regras públicas e aplicadas a todos, mesmo que não as sigamos. ?Preservar-se? é uma regra social sobre o sexo num primeiro encontro, e as pessoas tenderão a seguir ou discutir esta regra.
Não se trata de um tabu, na acepção antropológica da palavra, pois não gera expulsão do membro da sociedade que transgredir a regra, mas povoa nossos pensamentos de modo frequente. Mesmo as pessoas que não sigam esta regra, a conhecem!
Outro ponto de encanação é a vergonha pelo próprio corpo, e nem estamos falando de corpos distorcidos. Vivemos no mundo público com nossos corpos cobertos, isto aponta para a vergonha que ?devemos? sentir, e esta regra é outra absorvida e vivenciada pela maioria das pessoas. Basta que a pessoa considere algum erro que julgue ter no corpo para sentir vergonha e não permitir que se a vejam nua.
E falarmos sobre o orgasmo? Alguns nem sabemos o que é isto?
Então a primeira questão é a importância que damos ao orgasmo. Algumas pessoas consideram que ter orgasmo atesta o quanto gostamos, amamos a outra pessoa.
Por dificuldades de expressão, inabilidades de relacionamento social ou dificuldades de comunicação assertiva, podemos ter alguém que não fale, não queira falar ou não saiba falar sobre o Prazer Orgásmico. Comum, e às vezes até considerado inadequado falar a respeito por algumas pessoas.
Como aprender? Sim, pois, vencer estes problemas depende de aprendizado?
Ensaiando como fazer iniciamos este fazer. Se nem sabemos como iniciar, procuramos ajuda com um psicólogo, um psicoterapeuta sexual.
Muitas das encanações poderiam ser superadas através da adequeada comunicação com pessoas confiáveis, a exemplo da parceria afetivo-sexual. Mas?
A falta de habilidades sociais e de comunicação é comum na cultura brasileira, produzindo pessoas envergonhadas, com dificuldades em dizer as coisas de modo assertivo e na direção do positivo. O adulto ainda pode aprender a portar-se de modo assertivo e de formas útil para a expressão sexual, mas será necessária uma boa dose de ajuda externa.
O receio que uma pessoa sente para não expressar que o sexo não agradou, ou mesmo se agradou, deve ter uma função na vida dela. Esta função não acaba facilmente, mas precisa ser trocada por alguma outra atitude, comportamento, ação que traga bem-estar.
A tendência de todos é de ficar igual, ser igual ao que sempre foi, fazer sempre o que já é conhecido. E isto é o primeiro problema depois de adulto: a dificuldade em mudar. Muitos até procuram um psicoterapeuta, mas insistem em fazer as mesmas coisas, semana após semana, e acham que estão fazendo psicoterapia, aguardando o tempo passar para que algo ocorra e já pretendiam não fazer nada, não mudar, esperando que o mundo se modificasse.
E existem assuntos mais delicados ainda para conversarmos?
Fetiches são desejos de atividades sexuais muito íntimos, muitos pessoais e dependem de como as pessoas viveram até aquele momento. São percebidos enquanto comportamentos que não poderiam nem ser confessados ao padre.
Falar destes assuntos exige grande dose de confiança, incluindo a percepção de que será aceitável pela outra pessoa, mesmo que seja algo muito diferente, talvez diferente a ponto de ser considerado uma loucura.
Somente casais que têm extrema confiança de que continuarão juntos e que sempre um dará apoio ao outro e que talvez possam fazer coisas, experimentar, vivenciar atividades novas? então existe o terreno para se falar a respeito.
E um primeiro passo, desde que essa pessoa seja assertiva e se conheça bem, será expor enquanto fantasia que é. Fantasia, algo ainda não real, e que pode ser colocada e prática se o casal assim concordar. Mas poderá ser mantido enquanto fantasia, e traz erotismo e excitação ao casal, mas que poderá estar fora da possibilidade de ação.
As atividades, ainda apenas pensadas, fantasias, podem ser colocadas em prática depois de conversadas, se ambos compreenderem de que tal prática não trará malefícios a nenhum dos dois, ou que se existirem consequências de alguma forma negativas podem ser suportadas e vencidas pelo casal.
Muitas vezes estamos com casais em consulta e que se encontram nestas circunstâncias, e fazemos a mediação desta importante conversa, auxiliando no treino de comunicação e facilitando a expressão destas necessidades, de ambas as partes, quando ambos podem considerar as ideias e produzir um plano de ação de aproximação do fetiche de modo satisfatório e seguro.
Uma das preocupações ou atenções sexuais é a prática do sexo anal
Em nossa cultura baseada no ato sexual reprodutivo e não no erotismo, atos que não sirvam para a reprodução não serão compreendidos como algo positivo ou que devam ser executados. E sexo anal está nesta lista, embora seja uma prática possível e conhecida, conversada e divulgada em nossa cultura. Esta contradição impõe um conflito e para muitos se trata de um medo, sem alternativas e sem conhecimento real para saber o que e como fazer.
Sempre dependerá do grau de medo que impede a prática. Medos importantes impedem, receios que a pessoa possa explicar, tipo ?sujeira? poderão ser debatidos e alternativas serem planejadas para que evitem a condição de medo e superação sem continuar o comportamento de evitação.
Falar dos medos permitirá reconhecer se estamos falando de um medo impossível ou de um receio que pode ser vencido. Mas podem existir questões relacionadas a valores morais, e aqui? não tem negociação.
Os medos e como lidar com eles sempre será um ponto de encanação. Estas condições são debatidas frequentemente em psicoterapia focalizada na sexualidade. Depois de a pessoa reconhecer o que sente e a função disso em sua vida, torna-se possível desenhar um caminho de ação e execução dos atos e comportamentos sexuais desejados, pensados.
Sempre estas condições passam por reconhecimentos dos valores morais que possam estar associados, emoções que são disparadas por estas ideias e se os comportamentos e ações são possíveis de fato, sem produzir consequências negativas aos participantes.
Mesmo as situações que supostamente deveriam ser positivas, como saberemos discernir e não permitir encanação será outro ponto. Por exemplo, ser ou não ser bom de cama. Esta é uma coisa difícil, pois a autopercepção de não ser adequado na cama é algo que independe de a pessoa ser ou não adequada na cama. A autopercepção pode ser um mecanismo negativo usado pela pessoa para evitar situação associada ao sexo, por exemplo.
Outra coisa que implica em dificuldade é o que diz respeito ao que se considera ou se deve considerar que é ser bom de cama. Estes fatores são extremamente subjetivos e envolvem viver emoções que uma pessoa individualmente considere positivas, adequadas.
Muitas pessoas se consideram boas de cama... E nem de longe, externamente vistos, serão consideradas daquela forma.
Ou seja, a autopercepção não basta. Ser considerado pelo outro com quem temos um bom relacionamento a dois e comprometidos com um futuro? Aqui, sim, temos a validação de a pessoa ser boa de cama.
Então, perguntar ao outro também faz parte de compreender se somos ou não bons de cama! Perguntar ao outro implica numa segurança: confiar no outro de que falará a verdade. Se gosta, está bem, se acha que não somos bons e nossa parceria fala de modo direto e simples, podemos ter certeza de que podemos confiar nessa pessoa. O próximo passo e conversar sobre o que podem fazer para melhorar.
Principalmente aos homens existe um assunto que se torna delicado e produz comportamentos de esquiva constantemente. Muitos homens só urinam em banheiros públicos se se trancarem na cabine, para não serem vistos, não serem olhados e nem perceberem os pênis de outros homens, para não compararem, não serem comparados.
Tamanho de pênis nuca deve ser uma preocupação! Explico.
Se o tamanho do pênis for algo necessário para a outra pessoa e o que temos não for o suficiente ou adequado, ela procurará outro, não interessa o que possamos fazer, o que, aliás, se o problema for por ter o pênis pequeno ou muito grande, nada há para ser feito!
Este é um ponto que produz ansiedade e neurose para muitos homens. Estes homens partem de concepções de que o tamanho do pênis deve ser importante, e somente será bom se for grande. Como não existem evidências transculturais que demonstrem que um pênis grande é melhor para o prazer sexual, tudo o que este homem justificar será neurótico e uma forma de se impedir de executar o sexo. Colocar a responsabilidade de não arranjar uma namorada ou casar num pênis que não seja grande é um mecanismo cognitivo de autodestruição, de demonstração e não se gostar. E já sabemos de que nada adianta dizer a este homem que ele precisa se gostar mais? Estes são mecanismos complicados que exigem muito tempo de psicoterapia para produzir mudanças para que este homem aprenda a viver feliz.
Se uma mulher considera que um pênis maior lhe trará felicidade, ela precisa de um plano de ação que a conduza a conhecer um homem que a deseje nestas mesmas condições. Ainda assim, exigirá que esta mulher esteja disponível para experimentar atividades sexuais com vários homens até encontrar aquele que ela considere adequado sexualmente. Nem sempre as mulheres estão disponíveis para estes comportamentos sexuais.
Mas sempre podemos fazer algo a respeito destas encanações
Conhecer-se e compreender as funções pelas quais tem estas encanações é o único caminho.
Conversar com alguém? apenas com quem não esteja envolvido de modo interesseiro em nós, pois precisamos de retornos isentos de julgamentos morais para podermos nos expor e desenvolver novas formas de pensar e descobrirmos caminhos que nos conduzam a superar estas encanações, novas e alternativas formas de ponderar o mundo.
Então entra o conversar com a/o parceria/o, expor-se e negociar o que se gostaria de fazer. E ambos poderem produzir um plano de ação útil para satisfazer a ambos.
E teremos o apoio da psicoterapia nestes caminhos se forem difíceis de enfrentar sozinhos!
Uma primeira forma é ter assumido uma explicação a partir do mundo externo, do mundo social, que produza conflitos ou emoções negativas. Um exemplo para muitos ainda adolescentes é a capacidade de ter filhos, uma vez que aprendemos que iríamos crescer e formar família, ter filhos. Por conseguinte, a capacidade de ter filhos precisa ser testada, será necessário termos a realidade demonstrando esta capacidade. Porém, não sabemos quantas vezes será necessário fazer sexo para isso acontecer, nem somos informados de que maneira o sexo deve ser feito, ou se estamos fazendo da maneira correta... Assim chegamos à vida adulta, após alguns anos adolescentes, e se não tivemos uma gravidez fruto das relações sexuais já temos um ponto com o qual nos encanar: será que somos capazes?
A partir daí cada qual usa os mecanismos que já desenvolveu para atuar nestas situações. Alguns ainda usarão outros métodos de encanação: ?eu não estou fazendo sexo corretamente!?, ou ?não sou fértil? e daí para outras autoexplicações, das quais a maioria são falácias que inventamos para tentar explicar algo que pressupomos deveria ser como compreendemos.
Um fator importante é o de não atentarmos para as possíveis fontes de informação e conhecimento ao nosso redor: professores, aulas de biologia (no caso), livros da biblioteca? Devido a nossos mecanismos já desenvolvidos, tenderemos a não buscar fontes que nos contestariam, afinal, achamos que já sabemos e se alguém disser o contrário será alguém errado... Continuo em sofrimento, calado.
Então o que aponto com o exemplo acima, é que cada um de nós desenvolve nas duas primeiras décadas de vida mecanismos de entrosamento com o mundo que permite conhecer a si mesmo, aos outros e ao mundo, como maneira de prevermos como devemos agir. Mas dificilmente percebemos os mecanismos errados que desenvolvemos, e ainda vamos crer que os errados são os outros.
Então podemos receber informações erradas e regras erradas a partir dos outros, de nossos pais, conhecidos, amigos, mas o nosso problema é que não verificamos a veracidade destas informações devido a nossos mecanismos distorcidos de observar a realidade.
Um exemplo pode ser uma ideia que é comum perguntarmos a nós mesmos:
Pode transar no primeiro encontro? Mas precisamos ponderar?
A vida sexual pertence à esfera privativa das pessoas, mas as regras que recebemos sobre o sexo desde que nascemos são regras públicas e aplicadas a todos, mesmo que não as sigamos. ?Preservar-se? é uma regra social sobre o sexo num primeiro encontro, e as pessoas tenderão a seguir ou discutir esta regra.
Não se trata de um tabu, na acepção antropológica da palavra, pois não gera expulsão do membro da sociedade que transgredir a regra, mas povoa nossos pensamentos de modo frequente. Mesmo as pessoas que não sigam esta regra, a conhecem!
Outro ponto de encanação é a vergonha pelo próprio corpo, e nem estamos falando de corpos distorcidos. Vivemos no mundo público com nossos corpos cobertos, isto aponta para a vergonha que ?devemos? sentir, e esta regra é outra absorvida e vivenciada pela maioria das pessoas. Basta que a pessoa considere algum erro que julgue ter no corpo para sentir vergonha e não permitir que se a vejam nua.
E falarmos sobre o orgasmo? Alguns nem sabemos o que é isto?
Então a primeira questão é a importância que damos ao orgasmo. Algumas pessoas consideram que ter orgasmo atesta o quanto gostamos, amamos a outra pessoa.
Por dificuldades de expressão, inabilidades de relacionamento social ou dificuldades de comunicação assertiva, podemos ter alguém que não fale, não queira falar ou não saiba falar sobre o Prazer Orgásmico. Comum, e às vezes até considerado inadequado falar a respeito por algumas pessoas.
Como aprender? Sim, pois, vencer estes problemas depende de aprendizado?
Ensaiando como fazer iniciamos este fazer. Se nem sabemos como iniciar, procuramos ajuda com um psicólogo, um psicoterapeuta sexual.
Muitas das encanações poderiam ser superadas através da adequeada comunicação com pessoas confiáveis, a exemplo da parceria afetivo-sexual. Mas?
A falta de habilidades sociais e de comunicação é comum na cultura brasileira, produzindo pessoas envergonhadas, com dificuldades em dizer as coisas de modo assertivo e na direção do positivo. O adulto ainda pode aprender a portar-se de modo assertivo e de formas útil para a expressão sexual, mas será necessária uma boa dose de ajuda externa.
O receio que uma pessoa sente para não expressar que o sexo não agradou, ou mesmo se agradou, deve ter uma função na vida dela. Esta função não acaba facilmente, mas precisa ser trocada por alguma outra atitude, comportamento, ação que traga bem-estar.
A tendência de todos é de ficar igual, ser igual ao que sempre foi, fazer sempre o que já é conhecido. E isto é o primeiro problema depois de adulto: a dificuldade em mudar. Muitos até procuram um psicoterapeuta, mas insistem em fazer as mesmas coisas, semana após semana, e acham que estão fazendo psicoterapia, aguardando o tempo passar para que algo ocorra e já pretendiam não fazer nada, não mudar, esperando que o mundo se modificasse.
E existem assuntos mais delicados ainda para conversarmos?
Fetiches são desejos de atividades sexuais muito íntimos, muitos pessoais e dependem de como as pessoas viveram até aquele momento. São percebidos enquanto comportamentos que não poderiam nem ser confessados ao padre.
Falar destes assuntos exige grande dose de confiança, incluindo a percepção de que será aceitável pela outra pessoa, mesmo que seja algo muito diferente, talvez diferente a ponto de ser considerado uma loucura.
Somente casais que têm extrema confiança de que continuarão juntos e que sempre um dará apoio ao outro e que talvez possam fazer coisas, experimentar, vivenciar atividades novas? então existe o terreno para se falar a respeito.
E um primeiro passo, desde que essa pessoa seja assertiva e se conheça bem, será expor enquanto fantasia que é. Fantasia, algo ainda não real, e que pode ser colocada e prática se o casal assim concordar. Mas poderá ser mantido enquanto fantasia, e traz erotismo e excitação ao casal, mas que poderá estar fora da possibilidade de ação.
As atividades, ainda apenas pensadas, fantasias, podem ser colocadas em prática depois de conversadas, se ambos compreenderem de que tal prática não trará malefícios a nenhum dos dois, ou que se existirem consequências de alguma forma negativas podem ser suportadas e vencidas pelo casal.
Muitas vezes estamos com casais em consulta e que se encontram nestas circunstâncias, e fazemos a mediação desta importante conversa, auxiliando no treino de comunicação e facilitando a expressão destas necessidades, de ambas as partes, quando ambos podem considerar as ideias e produzir um plano de ação de aproximação do fetiche de modo satisfatório e seguro.
Uma das preocupações ou atenções sexuais é a prática do sexo anal
Em nossa cultura baseada no ato sexual reprodutivo e não no erotismo, atos que não sirvam para a reprodução não serão compreendidos como algo positivo ou que devam ser executados. E sexo anal está nesta lista, embora seja uma prática possível e conhecida, conversada e divulgada em nossa cultura. Esta contradição impõe um conflito e para muitos se trata de um medo, sem alternativas e sem conhecimento real para saber o que e como fazer.
Sempre dependerá do grau de medo que impede a prática. Medos importantes impedem, receios que a pessoa possa explicar, tipo ?sujeira? poderão ser debatidos e alternativas serem planejadas para que evitem a condição de medo e superação sem continuar o comportamento de evitação.
Falar dos medos permitirá reconhecer se estamos falando de um medo impossível ou de um receio que pode ser vencido. Mas podem existir questões relacionadas a valores morais, e aqui? não tem negociação.
Os medos e como lidar com eles sempre será um ponto de encanação. Estas condições são debatidas frequentemente em psicoterapia focalizada na sexualidade. Depois de a pessoa reconhecer o que sente e a função disso em sua vida, torna-se possível desenhar um caminho de ação e execução dos atos e comportamentos sexuais desejados, pensados.
Sempre estas condições passam por reconhecimentos dos valores morais que possam estar associados, emoções que são disparadas por estas ideias e se os comportamentos e ações são possíveis de fato, sem produzir consequências negativas aos participantes.
Mesmo as situações que supostamente deveriam ser positivas, como saberemos discernir e não permitir encanação será outro ponto. Por exemplo, ser ou não ser bom de cama. Esta é uma coisa difícil, pois a autopercepção de não ser adequado na cama é algo que independe de a pessoa ser ou não adequada na cama. A autopercepção pode ser um mecanismo negativo usado pela pessoa para evitar situação associada ao sexo, por exemplo.
Outra coisa que implica em dificuldade é o que diz respeito ao que se considera ou se deve considerar que é ser bom de cama. Estes fatores são extremamente subjetivos e envolvem viver emoções que uma pessoa individualmente considere positivas, adequadas.
Muitas pessoas se consideram boas de cama... E nem de longe, externamente vistos, serão consideradas daquela forma.
Ou seja, a autopercepção não basta. Ser considerado pelo outro com quem temos um bom relacionamento a dois e comprometidos com um futuro? Aqui, sim, temos a validação de a pessoa ser boa de cama.
Então, perguntar ao outro também faz parte de compreender se somos ou não bons de cama! Perguntar ao outro implica numa segurança: confiar no outro de que falará a verdade. Se gosta, está bem, se acha que não somos bons e nossa parceria fala de modo direto e simples, podemos ter certeza de que podemos confiar nessa pessoa. O próximo passo e conversar sobre o que podem fazer para melhorar.
Principalmente aos homens existe um assunto que se torna delicado e produz comportamentos de esquiva constantemente. Muitos homens só urinam em banheiros públicos se se trancarem na cabine, para não serem vistos, não serem olhados e nem perceberem os pênis de outros homens, para não compararem, não serem comparados.
Tamanho de pênis nuca deve ser uma preocupação! Explico.
Se o tamanho do pênis for algo necessário para a outra pessoa e o que temos não for o suficiente ou adequado, ela procurará outro, não interessa o que possamos fazer, o que, aliás, se o problema for por ter o pênis pequeno ou muito grande, nada há para ser feito!
Este é um ponto que produz ansiedade e neurose para muitos homens. Estes homens partem de concepções de que o tamanho do pênis deve ser importante, e somente será bom se for grande. Como não existem evidências transculturais que demonstrem que um pênis grande é melhor para o prazer sexual, tudo o que este homem justificar será neurótico e uma forma de se impedir de executar o sexo. Colocar a responsabilidade de não arranjar uma namorada ou casar num pênis que não seja grande é um mecanismo cognitivo de autodestruição, de demonstração e não se gostar. E já sabemos de que nada adianta dizer a este homem que ele precisa se gostar mais? Estes são mecanismos complicados que exigem muito tempo de psicoterapia para produzir mudanças para que este homem aprenda a viver feliz.
Se uma mulher considera que um pênis maior lhe trará felicidade, ela precisa de um plano de ação que a conduza a conhecer um homem que a deseje nestas mesmas condições. Ainda assim, exigirá que esta mulher esteja disponível para experimentar atividades sexuais com vários homens até encontrar aquele que ela considere adequado sexualmente. Nem sempre as mulheres estão disponíveis para estes comportamentos sexuais.
Mas sempre podemos fazer algo a respeito destas encanações
Conhecer-se e compreender as funções pelas quais tem estas encanações é o único caminho.
Conversar com alguém? apenas com quem não esteja envolvido de modo interesseiro em nós, pois precisamos de retornos isentos de julgamentos morais para podermos nos expor e desenvolver novas formas de pensar e descobrirmos caminhos que nos conduzam a superar estas encanações, novas e alternativas formas de ponderar o mundo.
Então entra o conversar com a/o parceria/o, expor-se e negociar o que se gostaria de fazer. E ambos poderem produzir um plano de ação útil para satisfazer a ambos.
E teremos o apoio da psicoterapia nestes caminhos se forem difíceis de enfrentar sozinhos!