Lucas, um dos atuais participantes do ?Big Brother Brasil? (Globo), é noivo e, no entanto, não economiza na paquera com duas das colegas de confinamento: Jaqueline e Jéssica.
A personal trainer de Santa Catarina é o alvo mais recorrente e, embora seja solteira, ao contrário do ?brother?, é para ela que tem sobrado, nas redes sociais, as piores críticas. São xingamentos como vagabunda, oferecida e safada, para ficar só nos mais light, e majoritariamente ditos por outras mulheres.
Volta e meia, em situações do tipo, a tendência do público é tornar a mulher a vilã da história e relativizar o comportamento masculino. Por que isso acontece? Eis algumas explicações.
Há uma crença geral de que as mulheres são responsáveis pela manutenção da família e, portanto, dos relacionamentos
?Na função de guardiãs, tentam interferir nos acontecimentos e demonstrar como é que funcionam certas regras sociais?, afirma Oswaldo Martins Rodrigues Jr., psicólogo, terapeuta sexual e diretor do InPaSex. A esculhambação pública de Jéssica seria, então, uma forma de proteger a família e mostrar como se faz quando alguém não segue certas normas.
O homem ainda é visto como um ser que não consegue controlar os seus impulsos
Em contrapartida, a mulher deve saber administrar os dela para manter a ?família? em ordem. Ou seja, se Lucas sucumbir aos encantos de Jéssica, não fará nada além do previsto para um macho diante de uma moça ?oferecida?.
?Homens podem ser cantados e recusar. E, se são comprometidos, a responsabilidade pela traição é deles. Só deles?, diz Mônica Bayeh, psicóloga clínica e psicoterapeuta.
O prazer feminino continua sendo um tabu
Mesmo após tantas conquistas importantes no quesito liberdade, as ideias sobre a sexualidade da mulher ainda continuam presas a conceitos antigos e ultrapassados.
?Mulheres como Jaqueline e Jéssica, que têm a coragem de colocar o próprio desejo em evidência, são julgadas e condenadas pelas outras, pois se tornam uma espécie de ameaça coletiva?, diz Araceli Albino, psicanalista e presidente do Sinpesp (Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo). Isso incomoda, pois mexe com os desejos sexuais reprimidos das outras pessoas. Para mantê-los recalcados, nada melhor do que boas doses de puritanismo.
Uma mulher livre incomoda muita gente
?Por mais evidente que seja a evolução dos costumes, da porta para dentro, muitas famílias ainda criam os meninos para conquistar e as meninas para serem conquistadas?, diz a psicóloga Ellen Moraes Senra, especialista em terapia cognitivo-comportamental.
O público também costuma projetar suas questões em artistas e participantes de reality shows: assim, Jéssica, Jaqueline e Lucas podem representar algo que as pessoas são, temem ou gostariam de ser.
Há muita hipocrisia por aí
Para Ellen, o comportamento de Jéssica e Jaqueline é tido como ?feio? porque as pessoas têm medo de admitir que são falhas e, para disfarçar isso, apontam o dedo umas para as outras.
?Na prática, é difícil alguém terminar um relacionamento e só depois ficar com alguém por quem está interessado. As pessoas experimentam antes, sim, para saber se vai dar certo. E vale lembrar que para um relacionamento chegar ao fim é necessário muito mais do que uma terceira pessoa envolvida?, fala Ellen.
Heloísa Noronha
Colaboração para o UOL
Volta e meia, em situações do tipo, a tendência do público é tornar a mulher a vilã da história e relativizar o comportamento masculino. Por que isso acontece? Eis algumas explicações.
Há uma crença geral de que as mulheres são responsáveis pela manutenção da família e, portanto, dos relacionamentos
?Na função de guardiãs, tentam interferir nos acontecimentos e demonstrar como é que funcionam certas regras sociais?, afirma Oswaldo Martins Rodrigues Jr., psicólogo, terapeuta sexual e diretor do InPaSex. A esculhambação pública de Jéssica seria, então, uma forma de proteger a família e mostrar como se faz quando alguém não segue certas normas.
O homem ainda é visto como um ser que não consegue controlar os seus impulsos
Em contrapartida, a mulher deve saber administrar os dela para manter a ?família? em ordem. Ou seja, se Lucas sucumbir aos encantos de Jéssica, não fará nada além do previsto para um macho diante de uma moça ?oferecida?.
?Homens podem ser cantados e recusar. E, se são comprometidos, a responsabilidade pela traição é deles. Só deles?, diz Mônica Bayeh, psicóloga clínica e psicoterapeuta.
O prazer feminino continua sendo um tabu
Mesmo após tantas conquistas importantes no quesito liberdade, as ideias sobre a sexualidade da mulher ainda continuam presas a conceitos antigos e ultrapassados.
?Mulheres como Jaqueline e Jéssica, que têm a coragem de colocar o próprio desejo em evidência, são julgadas e condenadas pelas outras, pois se tornam uma espécie de ameaça coletiva?, diz Araceli Albino, psicanalista e presidente do Sinpesp (Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo). Isso incomoda, pois mexe com os desejos sexuais reprimidos das outras pessoas. Para mantê-los recalcados, nada melhor do que boas doses de puritanismo.
Uma mulher livre incomoda muita gente
?Por mais evidente que seja a evolução dos costumes, da porta para dentro, muitas famílias ainda criam os meninos para conquistar e as meninas para serem conquistadas?, diz a psicóloga Ellen Moraes Senra, especialista em terapia cognitivo-comportamental.
O público também costuma projetar suas questões em artistas e participantes de reality shows: assim, Jéssica, Jaqueline e Lucas podem representar algo que as pessoas são, temem ou gostariam de ser.
Há muita hipocrisia por aí
Para Ellen, o comportamento de Jéssica e Jaqueline é tido como ?feio? porque as pessoas têm medo de admitir que são falhas e, para disfarçar isso, apontam o dedo umas para as outras.
?Na prática, é difícil alguém terminar um relacionamento e só depois ficar com alguém por quem está interessado. As pessoas experimentam antes, sim, para saber se vai dar certo. E vale lembrar que para um relacionamento chegar ao fim é necessário muito mais do que uma terceira pessoa envolvida?, fala Ellen.
Heloísa Noronha
Colaboração para o UOL