Como o cansaço de fim de ano afeta as relações sexuais

Psicóloga destaca a importância do autocuidado e da conversa dentro dos relacionamentos nesse período de eventos e festividades

Instituto Paulista de Sexualidade

22/12/2023

Dezembro é conhecido como o mês das festividades, das confraternizações, mas também, para muitos, é o mês do cansaço extremo. Em meio a um turbilhão de compromissos e expectativas, é fácil sentir-se exaurido. Além disso, carregamos o cansaço referente aos outros 11 meses do ano trabalhados. Como nos lembra a psicóloga Camille Borges, esse cansaço não afeta apenas nossa produtividade diária, mas também se insinua nas áreas mais íntimas de nossas vidas, incluindo as relações sexuais. "Vivemos em uma sociedade repleta de estímulos e pessoas preocupadas com uma dinâmica voltada para produtividade", observa Borges. 

A constante tentativa de dar conta de tudo o tempo inteiro, como se fossemos super-humanos, é um risco que muitos de nós enfrentamos. No entanto, a conta simplesmente não fecha. Esse excesso de responsabilidades e a falta de planejamento adequado muitas vezes resultam em sentimentos avassaladores de frustração, impotência e, claro, um cansaço avassalador. 

Essa exaustão, por sua vez, pode influenciar diretamente em nossa vida sexual. "A vida sexual é atravessada pela forma como estamos vivendo nessas outras áreas da vida", afirma Borges. Quando estamos esgotados ou sobrecarregados, a energia para o sexo pode simplesmente desaparecer, transformando algo que deveria ser prazeroso em mais uma obrigação na já extensa lista de tarefas.

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No entanto, a solução para esse dilema não é simplesmente ignorar ou suprimir esses sentimentos. A psicóloga destaca a importância de compreender nossos limites e reconhecer as necessidades as quais precisamos atender, especialmente durante este período de fim de ano. Celebre o que foi possível realizar e aceite o que precisa ficar para o próximo ano. Afinal, a construção do desejo sexual é um processo diário que precisa ser nutrido.

A comunicação, segundo a psicóloga, é fundamental e indispensável. Assim como discutimos questões cotidianas como finanças e divisões de tarefas com nossos parceiros e parceiras, é fundamental abrir espaço para conversas sobre sexo. "Um precisa conhecer melhor o que o outro gosta e quais são as preferências de ambos", aconselha. Ela também destaca a importância de avaliar como foi a vivência sexual ao longo do ano. O encontro sexual está se tornando mais uma meta pendente na lista? Estamos fazendo sexo porque estamos preocupados com algo? Essas são perguntas necessárias.

No aspecto físico, a psicóloga alerta que nosso corpo não responde bem a estímulos sexuais quando está exausto. Portanto, é preciso ter autocuidado. Questionamentos como "estou me cuidando?" e "estou fazendo sexo porque estou preocupado com algo?" também são essenciais para manter uma conexão saudável com nossa sexualidade, especialmente durante os desafios do fim de ano.

Por fim, em meio à correria do fim de ano, é crucial lembrar que nossas vidas sexuais não se tratam de uma esfera separada, mas estão intrinsecamente ligadas às nossas experiências diárias. O diálogo aberto, o reconhecimento de limites e o cuidado com o próprio bem-estar são passos essenciais para manter uma vida sexual saudável e satisfatória, mesmo nos momentos mais agitados da vida.

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Camille Borges é psicóloga. Sexóloga pelo Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex). Especialista em Terapia Analítico-Comportamental pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Professora convidada do curso de Especialização em Sexologia Aplicada (ESA) do Instituto Paulista de Sexualidade. Psicóloga clínica, facilita processos de terapia individual de adultos, terapia de casal e terapia sexual.