Instituto Paulista de Sexualidade - 23 de dezembro de 2024
O mês de dezembro é um marco para refletir sobre saúde e prevenção, mas é importante lembrar que o cuidado com o HIV e a aids não se limita a uma data ou campanha. Apesar dos avanços nas tecnologias de prevenção e tratamento, os últimos dados do Ministério da Saúde mostram que o desafio ainda é grande.
Crescimento nos casos de HIV em 2023
Em 2023, o Brasil registrou um aumento de 4,5% nos casos de HIV em comparação a 2022. Este aumento reflete tanto o crescimento das infecções quanto um progresso significativo na capacidade de diagnóstico dos serviços de saúde. A ampliação do uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) foi um dos fatores centrais nesse avanço. Em 2024, o número de usuários de PrEP dobrou, alcançando 109 mil pessoas, um marco importante para a prevenção.
Desigualdades persistentes
Os dados também evidenciam desigualdades. A maioria das infecções em 2023 foi registrada entre homens (70,7%), com destaque para aqueles que fazem sexo com homens. Além disso, pessoas pretas e pardas concentram 63,2% dos casos notificados. A faixa etária de 20 a 29 anos representa 37,1% das infecções, sendo que, no sexo masculino, esse percentual sobe para 41%. Esses números apontam a necessidade de ações que ultrapassem o setor da saúde, combatendo barreiras sociais como o estigma e a discriminação.
Redução na mortalidade por aids
Apesar dos desafios, há avanços significativos. Em 2023, a taxa de mortalidade por aids foi de 3,9%, a menor registrada desde 2013. Esse resultado é fruto de investimentos em tratamentos mais eficazes, incluindo medicamentos para pessoas multirresistentes aos antirretrovirais comuns. Essas iniciativas têm impacto direto na qualidade e expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV ou aids.
Um compromisso para além da saúde
Eliminar o HIV e a aids como problemas de saúde pública até 2030 é uma meta alcançável. Para isso, é essencial uma articulação entre setores, além do fortalecimento de políticas como o Ciedds (Comitê Interministerial para a Eliminação de Infecções e Doenças Determinadas Socialmente). O combate ao estigma e à discriminação deve ser prioridade para garantir que todas as pessoas, especialmente as mais vulnerabilizadas, possam acessar os serviços de saúde.
Dezembro Vermelho é um lembrete, mas a luta é constante
Dezembro ainda não acabou e, com ele, o alerta segue aceso: a luta contra o HIV e a aids é de todos nós. Que este seja um mês para reforçar ações, compartilhar informações e fortalecer o cuidado coletivo. A conscientização não pode ser sazonal; ela precisa durar o ano inteiro.