Timidez no Sexo

Timidez é uma destas palavras que esconde muitas coisas e tem expressões muito diferentes em cada área da atuação humana. Então, primeiramente, devemos conceituar o que denominamos de timidez.



Timidez é uma condição sintoma, o externo de mecanismos psicológicos internos que produzem mal estar e implicam e dificuldades de expressividade emocional, concomitantemente a compreensões distorcidas da realidade.

A maioria das pessoas são ?tímidas? em determinadas situações. Muitas vezes a timidez que ocorre no trabalho, pode não ocorrer na vida social, ou em casa? Na situação sexual, a falta de expressividade de emoções é um fator complicador. Pessoas que não expressam adequadamente as emoções também são mais afeitas a ter disfunções sexuais. Sequer conseguem nomear as emoções que sentem. Sem poder nomear, também não as compreende. Sem as compreender, as emoções podem produzir efeitos negativos sobre o funcionamento fisiológico sexual, mantendo esta relação incompreensível para a pessoa. Compreender os efeitos que cada emoção, cada estado emocional e como o corpo reage é um passo muito importante!

Outra fonte de causas são as compreensões que a pessoa tem de si mesma e da outra pessoa. Se considera que não tem que fazer nada e que a responsável pelo momento sexual é a outra, o sofrimento ocorre e ainda considerará que a responsável é a outra, e o sexo não ocorrerá bem! Mais uma razão é a experiência anterior de vivências sexuais. Quanto mais se tem experiências de como fazer sexo, mas fácil será de expressar-se no momento sexual. Na falta de repertório, ocorre a aparência da timidez, a pessoa não sabe, não compreende o que ocorre. Muitos fatores externos e internos interferem na produção da timidez no sexo.

Educação facilita uns fatores, e dificulta outros.

A educação sexual explícita é um fator específico que merece ser considerado e que influencia e limita a expressão da sexualidade. A maior parte das pessoas não tem uma educação sexual formal, e muitas vezes que exista, será uma transmissão de conhecimentos que provoca mais receios do que anseios. Aliás, não basta apenas o mecanismo da educação, existem os componentes de personalidade, individuais, que a despeito da educação não permitem que se aproveite uma educação sexual propiciadora de vida sexual saudável.

Mais um fator é o gênero, nesta cultura em que nos inserimos. As mulheres tem a permissão social de serem tímidas sexualmente e por isso são desconsideradas nesta hora como tímidas e responsáveis pela atividade sexual. Afinal, dirão alguns, ?mulheres são assim mesmo??. Por outro lado, por obrigação de agir, os homens que apresentem uma timidez sexual aparecem mais, e são apontados como problemas. Assim, homens são mais alvos de queixas de timidez sexual.

A timidez, com a falta de expressividade emocional, pode atrapalhar o desempenho fisiológico genital. Quando isso ocorre temos disfuncionamento genital, problemas sexuais, que seguramente atrapalham o prazer. Em segundo lugar, a falta de expressividade impede que prazeres sexuais possam ser percebidos e sentidos. Se uma emoção não é disparada por uma ação sexual, a pessoa não vivenciará esta situação da mesma forma que outra. A expressão da emoção ajuda a reforçar a vivência, tornando-a mais prazerosa, e não uma situação de obrigação.

A falta de expressão emocional e assertiva é parte do que se chama autoestima. Aprender como os pensamentos provocam emoções ou as impedem de existir será o começo do caminho. Embora o termo autoestima seja muito falado, trata-se de uma expressão de várias formas psicológicas, uma delas é a falta de assertividade, falta de expressividade emocional, falta de habilidades sociais, existência de processos cognitivos distorsivos... Nem sempre é fácil de se mudar, em especial por fazer parte da autocompreensão, ou seja: ?se me sinto assim, somente me sentindo assim, reconheço-me sendo eu mesmo.? Se mudar deixo de ser eu, assim as mudanças da autoestima não ocorrem por fatores externos, nem educativos de modo simples.

Algumas coisas podem ser buscadas pelas pessoas para se auxiliarem a desenvolverem uma atitude menos ?tímida?. A atitude depende de pensar, pensar usa conhecimento. Uma das formas que conhecemos de obtenção de conhecimento é a leitura. Ler sobre sexo pode ajudar, mas não muito! Conhecimento não se restringe a leitura.

Uma leitura boa pode ser perturbada pelas estruturas cognitivas distorcivas que a pessoa usa para viver o cotidiano. Assim, só lerá o que confirme suas dificuldades e problemas, só prestará atenção ao que mantém o problema. Ler é e pode ser uma parte importante de superação, mas se assim fosse percebido pelas pessoas tímidas sexualmente, elas já teriam tomado a decisão de encontrar a solução. A leitura é importante, mas não soluciona o problema. Conhecer cognitivamente é uma parte, sentir e fazer são as partes consequentes e este será o conhecimento fatual que importa.

Ações fazem parte da atitude não tímida que estamos buscando!

Uma ação que não depende dos outros é a autoerotização, que sempre foi chamada de masturbação. A masturbação pode auxiliar no autoconhecimento de funcionamentos corporais, mas o relacionamento a dois exige outros direcionamentos de atenções além de a si mesmo. Superar a timidez pode exigir uma ação mais estruturada. Fantasiar, pensar, propor-se a ser mais sexual e erótico é o caminho genérico para superar uma parte da timidez. Isto implica em ter um projeto na vida que inclui o ser mais sexual, e, portanto, menos tímido no sexo. A outra é aprender a vencer a inabilidade social, a falta de assertividade, a falta de expressividade emocional, os esquemas cognitivos distorsivos e isto pode exigir a psicoterapia.

Você se percebe tímido no sexo? Pretende não ser mais tímido nas situações eróticas? Então inicie com um planejamento de como será na vida e nos relacionamentos de modo que supere a timidez. Depois, talvez possa se valer da psicoterapia para modificar-se e ser mais feliz sexualmente!